Parece
lógico o fato de gatos terem sempre filhotes gatinhos, cachorros filhotes cachorrinhos e peixes terem peixinhos.
Pois bem, mas qual a causa de gatos não terem filhos cachorros (ou vice-versa)?
O que (e quem garante) que isso aconteça com precisão? A resposta está no DNA.
Já falamos em publicações anteriores que o DNA é o nosso material genético. É
ele que garante que a transmissão das características de pai para filho a cada
geração.
O
primeiro a estudar os padrões de herança de caracteres foi Mendel, um monge
austríaco, em um período muito anterior a descoberta do DNA enquanto material
genético. Ele iniciou seus experimentos fazendo vários cruzamentos com plantas
e observando os efeitos na prole. A escolha do modelo experimental adequado permitiu
que as pesquisas de Mendel fossem aplicadas com sucesso: a ervilha de jardim. Além
de ser facilmente cultivável, as pétalas dessa planta apresentam suas flores fechadas,
o que significa dizer que gametas masculinos e femininos de uma mesma planta
têm mais chance de cruzar. Isso gera plantas puras, que na linguagem genética
são chamadas de homozigotas para uma determinada característica. Assim, as
ervilhas de jardim apresentavam, de um modo geral, características
contrastantes e facilmente observáveis: plantas altas e baixas, ervilhas lisas
e rugosas, ervilhas verdes e amarelas. A partir dessas características e de
cruzamentos experimentais, Mendel pode observar os efeitos de cada uma dessas
características na prole após os cruzamentos.
O
primeiro experimento de Mendel foi realizando o cruzamento entre plantas altas
e baixas. Desse cruzamento, observou-se que todas as plantas da prole eram altas,
independentemente do cruzamento que fazia (plantas masculinas altas com plantas
femininas baixas ou plantas masculinas baixas com plantas femininas altas). Então
ele resolveu fazer uma autofecundação dessas plantas geradas e algo inesperado
aconteceu: houve surgimento tanto plantas altas quanto plantas baixas, na
proporção de 3:1. A observação surpreendente foi de que plantas baixas
reapareceram, levando Mendel a supor que algum fator estaria escondido nos
indivíduos resultantes do primeiro cruzamento. Ele disse que o fator camuflado
seria o recessivo e o fator expresso
seria o dominante. Ele também
deduziu que os fatores dominantes e recessivos se separavam quando plantas
híbridas eram produzidas, o que podia explicar seu reaparecimento na segunda
geração.
Dessa forma, determinou-se a 1º Lei
de Mendel ou o Princípio da Dominância e
Segregação. Na linguagem da genética moderna, as observações de Mendel
permitiram chegar as seguintes conclusões:
- Um fator hereditário,
denominado gene, seria o responsável
por determinar características de plantas.
- Cada planta tem um
par deste tipo de gene.
- Este gene pode
apresentar formas diferenciadas denominadas alelos; se os alelos forem da mesma
forma o indivíduo é homozigoto; se
forem de formas diferentes, é heterozigoto.
- Na meiose, o par de
alelos pode ser separado formando os gametas. Essa separação é a lei da segregação independente,
referida por Mendel.
- Na fecundação os
alelos se combinam aleatoriamente, determinando o fenótipo do indivíduo.
Partindo
dos pressupostos acima, observe como se deu o cruzamento e a determinação das
características:
Mendel
também fez experimentos com plantas que diferiam em duas características e
observou os efeitos na prole. Tomaremos como exemplo ervilhas lisas e rugosas;
verdes e amarelas. Mendel pegou ervilhas amarelas e lisas e cruzou com verdes e
rugosas. Após esse cruzamento ele observou somente ervilhas amarelas e lisas. Mas,
ao autofecundar essas ervilhas, ele observou diferentes combinações possíveis
na proporção de 9:3:3:1. Dessa forma, Mendel pôde prever sua 2º Lei: Princípio da Distribuição Independente,
em que alelos de genes diferentes distribuem-se de forma independente um dos
outros. Observe como ele chegou no seguinte resultado:
Os experimentos de Mendel, estabeleceram que os genes
existem em formas alternativas.
Como
foi dito, ao estudar características individuais, ele propôs que cada gene
possui dois alelos, um dominante e outro recessivo. Sua teoria é plenamente
aplicável para explicar a atribuição e a transmissão de caracteres. Porém, estudos
posteriores ao seu, mostraram que muitas vezes uma característica ocorre devido
a interação de múltiplos genes. É como se eles agissem em conjunto, um
influenciando na ação do outro. Em outros casos, os padrões fogem aos
pressupostos de Mendel porque muitos alelos existem para além de duas únicas
formas e cada um deles pode ter um efeito diferente no fenótipo. A esses
padrões que fogem aos pressupostos de Mendel, conhecemos como extensões do
Mendelismo. De qualquer forma, Mendel é hoje considerado o pai da genética e
seus estudos foram o pontapé inicial para tudo que hoje se conhece da genética
e transmissão das características ao longo das gerações.
Referências consultadas:
SNUSTAD, P., SIMMONS, M. J. Fundamentos de Genética (4ª Edição). Ed. Guanabara, 2008.
PIERCE BA. Genética, um enfoque conceitual. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
Referências consultadas:
SNUSTAD, P., SIMMONS, M. J. Fundamentos de Genética (4ª Edição). Ed. Guanabara, 2008.
PIERCE BA. Genética, um enfoque conceitual. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
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